Foi em nossa última visita à Paraty que minha filha novamente entrou em crise alérgica. A primeira crise foi quando ela estava com 3 anos e descobrimos sua Alergia à Proteína do Leite de Vaca (post completo, aqui).

Durante o primeiro dia da nossa viagem, ao voltarmos da piscina, meu marido deu banho na pequena enquanto eu separava sua roupa. Terminado o banho, o rostinho dela estava completamente vermelho, cheio de bolinhas. A urticária tomava conta rapidamente do seu corpo. Assim, entrei com o antialérgico e os sintomas sumiram rapidamente. Sem saber o que poderia ter provocado, achei melhor protegê-la com a loção anti mosquito para sairmos para jantar.

Devido à dieta de restrição ao leite de vaca, ela não costuma consumir muitos alimentos com leite. E até aquele momento, ela não havia ingerido nada diferente do que é de costume. Aparentemente, ela também não havia sido picada por inseto para ter tido uma reação alérgica naquela proporção. Então, o que poderia ter sido?

No segundo e terceiro dia, novamente após o banho, a tal reação apareceu. Novamente, a mediquei com o antialérgico e a reação desapareceu.

No quarto dia, quando já havíamos retornado para casa, a reação não ocorreu e agradecemos à Deus por isso. Porém, no quinto dia após a primeira reação, a levamos em uma festa infantil. Lá, ela brincou bastante, tanto que transpirou horrores. Ao chegarmos em casa, meu marido sugeriu que déssemos outro banho nela, pois estava suada e havia uma marquinha vermelha em seu peito. Supondo que ela tivesse entrado em contato com algo que tivesse desencadeado a alergia em seu peito, aceitei a sugestão do banho. E, novamente, quando saiu do banho, seu rosto estava vermelho e cheio de bolinhas e a urticária reapareceu em todo o corpo. Novamente, foi medicada com o antialérgico.

Agendei consulta com a alergologista pediátrica e a mesma sugeriu que fizéssemos o teste de contato ou patch test. Neste teste, a alergologista aplica as substancias específicas afim de provocar sua exposição ao alérgeno. O teste é realizado nas costas e a primeira leitura é realizada após 30 minutos com a utilização de uma régua especial.

Por que voltamos para a dieta de restrição ao leite de vaca?

Realizado o teste no próprio consultório, adivinhem o resultado? O resultado do teste foi alergia ao leite de vaca, ácaros e pelos de animais. Contudo, em conversa com a alergologista, chegamos à conclusão de que o grande desencadeador da crise alérgica poderia ter sido os alérgenos aéreos: ácaros da poeira existente na pousada. Como contei para vocês no último post (aqui), a pousada escolhida é ótima, limpa e confortável. Porém, o piso de madeira instalado há muitos anos, tapeçarias, móveis coloniais e antiguidades desencadeou sua crise alérgica.

Contudo, a alergologista pediu que novamente retirássemos o leite de vaca de sua alimentação e evitássemos sua exposição à ácaros e animais. Então, este é o motivo pelo qual voltamos para a dieta de restrição ao leite de vaca. Sua consulta aconteceu em 25 de novembro e a restrição ao leite deve ser feita por no mínimo 20 dias, tempo de seu sistema imunológico restabelecer as condições normais.

Lição aprendida! A partir de agora, ao escolher o local de hospedagem para a minha família, nada de casarões antigos.

Um abraço,

A APLV – Alergia à Proteína do Leite de Vaca – está frequentemente associada a outras doenças atópicas como asma e dermatite. E, em época de tempo seco, as doenças respiratórias pioram em decorrência da baixa umidade do ar. O registro de índices de umidade no ar muito baixos pode causar irritação nos olhos, garganta e nariz de pessoas sadias, além de piorar a situação de pessoas com rinite alérgica e asma.

O tempo seco, a asma e remédios distribuidos gratuitamente

Minha filha usou remédios para asma durante alguns anos até passar pelo processo de imunoterapia (através do teste de provocação) e, desde então, não tem apresentado reações alérgicas causadas pela APLV. Mas, nesta época do ano, problemas como irritação e nariz entupido não a deixam em paz. Assim, tomo alguns cuidados que são recomendações de saúde frente ao tempo seco. São eles:

  • Uso de umidificador de ar;
  • Manter a casa higienizada e arejada;
  • Uso de edredons ao invés de cobertores;
  • Retirada da cortina do seu quarto;
  • Evitar plantas dentro da casa;
  • Não deixar ninguém fumar dentro de casa (isso vale para o ano todo);
  • Uso de roupas leves quando a temperatura estiver elevada;
  • Uso de soro fisiológico para as narinas quando houver irritação;
  • Evitar animais dentro de casa.

Caso você não possua umidificador de ar, use uma vasilha com água ou toalha molhada no lugar onde irá dormir. Se você passa a maior parte do dia em casa, mantenha a casa ensolarada. Outras medidas como tomar bastante líquido para hidratar corpo e secreções, evitar exposição prolongada a ambientes com ar-condicionado, realizar atividades físicas antes das 10h ou após 17h; forrar travesseiros e colchões com plástico, retirar tapetes ou objetos que acumulem pó como livros, revistas, brinquedos de pelúcia e caixas, evitar produtos de limpeza com cheiros fortes, usar persianas laváveis e evitar plantas dentro da casa também ajudam a manter a sua família saudável frente ao tempo seco.

Fonte: ABC da Saúde

E, você sabia, que o Governo Federal criou um programa chamado Farmácia Popular que disponibiliza gratuitamente medicamentos para hipertensão, diabetes e asma gratuitos? O programa foi criado em 2011 e a lista dos medicamentos pode ser consultada em uma filial credenciada da Drogaria São Paulo. Por meio de um sistema autorizador vinculado ao Ministério da Saúde e de operação regulamentada por ele, os cidadãos interessados devem comparecer à Drogaria com prescrição médica, CPF e documento com foto.

Em 2006, o Ministério da Saúde expandiu o Programa Farmácia Popular do Brasil, chamado “Aqui Tem Farmácia Popular”, mediante o credenciamento da rede privada de farmácias e drogarias com o objetivo de levar o benefício da aquisição de medicamentos essenciais a baixo custo a mais lugares e mais pessoas, aproveitando a dinâmica da cadeia farmacêutica, por meio de parceria do Governo Federal com o setor privado varejista farmacêutico.

Atualmente, o Programa Farmácia Popular é regulamentado pela Portaria nº 971, de 17 de maio de 2012.

Um abraço,

Mari.

Anafilaxia

3 de Junho de 2015

Quando descobri a Alergia à Proteína do Leite de Vaca da minha filha, a coisa que mais temia era a Anafilaxia. Mas, você sabia que ela pode ser gerada por ALIMENTOS ou NÃO?

“Muita gente confunde o termo anafilaxia com choque anafilático, mas essas doenças não são exatamente a mesma coisa. Anafilaxia é uma doença grave, aguda, que pode ser fatal e que se caracteriza pelo aparecimento de alguns sintomas de pele e outros internamente no organismo. Uma reação extremamente grave e até mesmo fatal pode ocorrer em alguns minutos após o desencadeamento!

Esses sintomas podem ser:

  1. Urticária e angioedema: Urticária é uma lesão de pele vermelha, elevada, que coça muito. Quanto mais extensa e rápida for, mais grave. O angioedema é um inchaço localizado nas partes mais moles do corpo, como lábios, pálpebras, orelhas e genitais, mas às vezes pode ocorrer de forma intensa, em quase todo o corpo. O mais grave é quando esse edema (inchaço) acomete a glote que é a parte interna da garganta. Isso pode ocasionar sufocação.
    Nem toda urticária e angioedema são causados por anafilaxia. Apenas quando de forma aguda e geralmente com evolução rápida (começa aos poucos e logo ganha grande extensão do corpo) é que é sinal de anafilaxia.
  2. Sintomas respiratórios: espirros, coceira em olhos e nariz, obstrução nasal, hiperemia (vermelhidão) ocular e lacrimejamento, tosse seca, falta de ar, chiado no peito, sensação de garganta apertada, alteração de voz, sensação de aperto no peito.
  3. Sintomas gastrointestinais: náusea, vômito, cólicas, diarréia.
  4. Sintomas cardiocirculatórios: queda de pressão arterial, taquicardia (batedeira), palidez.
  5. Sintomas neurológicos: lipotímia (desfalecimento), perda da consciência, sensação de que está distante, desmaio, liberação de esfíncteres (perda de fezes e urina). Quanto mais sintomas, principalmente cardíacos e neurológicos, mais grave é a anafilaxia. O “choque” é uma condição clínica onde há falência da circulação, ou seja, o sangue não consegue chegar até os órgãos periféricos por causa da queda da pressão arterial e alterações da microcirculação. É uma situação gravíssima, com alta mortalidade.

Existem várias causas de choque e a anafilaxia é uma delas. Portanto, o choque anafilático é uma forma de anafilaxia.

É muito importante se reconhecer prontamente os primeiros sintomas da anafilaxia, pois o tratamento rápido é fundamental para que a doença não evolua até o choque. Outra causa de morte pela anafilaxia é a sufocação, quer pelo edema de glote, quer pelo broncoespasmo (fechamento dos brônquios). Há ainda a possibilidade de a pessoa enfartar já que durante uma crise anafilática ocorre um espasmo das coronárias (diminuição do calibre interno das artérias que irrigam o coração) e se a pessoa já tiver uma alteração prévia, como placas de ateroma (aterosclerose) a anafilaxia poderá ser “a gota d´água” para o infarto agudo de miocárdio.

Causas da anafilaxia

  1. Alimentos: Apesar de qualquer alimento poder desencadear um quadro de anafilaxia, os principais alimentos envolvidos são: leite e ovo nas crianças e peixe, castanhas e crustáceos nos adultos. Esses alimentos podem estar presentes em receitas sem uma identificação explícita ou mesmo contaminando outro alimento durante sua preparação, quando utensílios como facas e colheres são usados para o preparo de duas receitas diferentes.
  2. Medicamentos: Dentre os medicamentos, os antiinflamatórios e os antibióticos são os principais causadores de anafilaxia. Os primeiros são medicamentos usados para dor e inflamação e que na sua grande maioria podem ser comprados sem prescrição médica, o que facilita o acesso e o risco de reações adversas ocorrerem. Os principais representantes desse grupo são: dipirona, ácido acetil salicílico (AAS) e o diclofenaco. Apesar de qualquer antibiótico poder causar reação alérgica, o mais comum são os da classe das penicilinas, como amoxacilina e penicilina benzatina (Benzetacil®). Os anestésicos também podem causar reações alérgicas. Eles são classificados em locais, geralmente usados em procedimentos dentários e suturas na pele, ou sistêmicos, aqueles usados por via inalatória ou injetável nas cirurgias.
  3. Insetos: Os insetos (abelhas, formigas e vespas) são responsáveis por muitos casos de anafilaxia através da inoculação do seu veneno no organismo da vítima.
  4. Látex: O látex (borracha natural), usado em vários produtos hospitalares e de uso doméstico, é responsável por um grande numero de reações alérgicas. Há basicamente dois grandes grupos populacionais com grande risco de desenvolver alergia ao látex. São os profissionais da área de saúde, como médicos e enfermeiros, e os pacientes com espinha bífida. Os dois grupos são de risco por estarem em contato frequente com o látex, principalmente das luvas, que geralmente são feitas desse material. Interessante citar que portadores de alergia ao látex podem também desenvolver alergia alimentar, principalmente por frutas e legumes.
  5. Raras: Entre as causas raras de anafilaxia encontra-se:
    • Anafilaxia associada ao sêmen (fluido seminal), onde a pessoa faz reação alérgica após o contato com o mesmo;
    • Anafilaxia por aeroalérgenos, onde alimentos contaminados por ácaros desencadeiam a reação após a sua ingestão;
    • Mastocitose, onde células de defesa do organismo (mastócitos) desencadeam a reação alérgica após estímulos variados;
    • Anafilaxia desencadeada por exercício, onde a pessoa apresenta reação alérgica após atividade física quando associado a ingestão de algum alimento ou medicamento. Nesse caso, os principais alimentos envolvidos são: trigo,crustáceos, amendoim, milho, leite, pêssego, soja e alimentos contaminados por ácaros. Entre os medicamentos, os principais são os antiinflamatóriose os antibióticos;
    • Anafilaxia ao frio, que pode ocorrer após banhos frios, principalmente em piscinas e cachoeiras.
  6. Idiopática: Quando nenhuma causa é identificada após a investigação diagnóstica, dizemos que a anafilaxia é de causa idiopática (sem causa conhecida).

Quem está em risco?

Infelizmente, as alergias são imprevisíveis. É comum os pacientes ficarem muito surpresos com sua primeira reação e perguntarem como pode ser isso se nunca tiveram isso anteriormente.

Existe a predisposição genética, que se chama atopia. Mas nem todos os indivíduos atópicos irão desenvolver uma alergia grave.

Quem está mais vulnerável a desenvolver uma crise anafilática grave é justamente quem já teve uma anteriormente. E se a reação alérgica grave vier associada com alguma dessas outras condições clínicas, então o risco é maior:

  • Asma, principalmente mal controladas
  • Gravidez
  • Extremos de idade
  • Problemas psiquiátricos
  • Ingestão de álcool e/ou drogas

Por que a ASBAI está tão interessada em divulgar esse problema?

A resposta é: porque ele está crescendo!

Calcula-se que um em cada 200 atendimentos nos serviços de emergência sejam para tratamento de reações alérgicas graves. Através de estudos epidemiológicos estima-se que existam entre 50-2.000 episódios de anafilaxia para cada 100.000 pessoas e, portanto, 2% aproximadamente da população já teve pelo menos um episódio de anafilaxia ao longo de sua vida. Além disso, pesquisas recentes indicam que o total de admissões hospitalares por reações alérgicas graves teve um incremento de sete vezes nos últimos 10 anos. E isso tem ocorrido principalmente pelo aumento de anafilaxia por alimentos. Já foram descritos mais de 120 tipos diferentes de alimentos capazes de provocar anafilaxia e a lista não para de crescer.

A Medicina desconhece as razões exatas para esse aumento de reações alérgicas graves, mas especula-se que mudanças no modo de viver e de se alimentar, alterações ambientais, etc. possam estar alterando a resposta imunológica normal.”

Fonte: ASBAI – Anafilaxia Brasil

Além dos sintomas respiratórios, a principal reação da APLV da minha filha era a urticária. Foi a urticária que me fez levá-la ao hospital quando ficou internada e logo em seguida descobrimos a APLV da pequena (como contei no post A descoberta da Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV). Meu marido é alérgico à antiinflamatórios não hormonais, como a dipirona, e uma pequena dose do antiinflamatório causa a angioedema.

A Anafilaxia me assusta tanto porque Anafilaxia = Emergência.

Um abraço,

Mari.