O azul, o rosa e as outras cores na infância

3 de Fevereiro de 2015

Há 15 dias publiquei as fotos de uma festa linda com o tema Angry Birds (aqui) e na introdução do post escrevi que o tema tem conquistado o coração dos meninos. Então, recebi alguns comentários questionando o porquê da citação meninos quando o tema também tem conquistado o coração das meninas. Achei justo o questionamento e respondi que citei meninos pelo fato do tema ser mais comumente escolhido para os aniversários de meninos, o que não significa que algumas meninas também tenham escolhido o tema.

Além disso, citei que Angry Birds pode ser um tema masculino para facilitar a busca na web das pessoas interessadas em temas de festas para meninos, uma vez que a internet está repleta de opções de temas de aniversários para meninas, começando pelas princesas: Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel e etc.

Foi então que refleti e decidi escrever sobre o fato de algumas cores, brinquedos e brincadeiras serem “de menina” e outras serem “de menino”. Procurando na web, descobri que esta referência não é biológica ou psicológica, mas do marketing. Até o fim do século 19, tintura de tecido era cara, portanto os pais não se preocupavam com isso. A definição das cores “certas” para cada gênero surgiu só no início do século 20, e era o inverso da atual. Um catálogo de roupas dos EUA de 1918 dizia que o rosa, por ser mais forte, era adequado aos garotos. E o azul, por ser delicado, às garotas! E foi só entre 1920 e 1950 que as lojas começaram a sugerir azul para eles e rosa para elas, como forma de agitar as vendas. Essa imposição social tem sido reforçada desde então. “A afinidade com alguma cor não determina personalidade ou sexualidade”, diz a psicanalista Fani Hisgail. (Fonte: revista Mundo Estranho)

Antes de completar 4 meses de gravidez, a médica nos disse que a chance de termos um menino era de 70%, e embora tenha nos dito que dificilmente erra, sugeriu que não comprássemos nada para o enxoval nas cores azul ou rosa. Mas, como não resisti, comprei alguns itens azuis e guardei a nota fiscal para caso precisasse trocar um deles. Com 5 meses, em novo ultrassom, descobrimos que esperava por uma menina (Assista a Baby Story da Maria Eduarda clicando aqui). Assim, corri trocar os itens azuis por itens rosa ou lilás. Foi mecânico? Sim. Levei em consideração que a cor independe da sexualidade? Não.

Ganhei macacões azuis e verdes escuros e os vesti em minha filha sem problemas. Permito que ela participe de brincadeiras “de meninos” e use brinquedos “de meninos” também sem problemas. Pintei as paredes do seu quarto de amarelo, não de rosa. Mas, é comum que eu a vista com roupas cheias de fitas e laços estereotipadas para meninas. A maioria dos seus brinquedos são da cor rosa e pink. Porém, tenho plena consciência que o gosto por brinquedos (e brincadeiras) é adquirido socialmente, e não algo inato.

O azul, o rosa e as outras cores na infância

Minha filha com 7 dias usando macacão “de menino”

Num mundo perfeito, os pais e a sociedade não deviam se preocupavam com as cores, brinquedos e brincadeiras determinadas para cada sexo. A infância é unissex. O sexo deveria ser determinado só na idade adulta caracterizado pela atração física e afetiva. Mas, e o marketing?!

Um abraço,

Mari.

2 comentários

  1. Edna Macedo

    É isso! Que o mundo siga educando GENTE, independente de gêneros. E que siga também educando sem essa coisa de menininha é frágil e o garotão não chora…
    Tá na hora de olharmos para a inclusão de forma mais ampla. Combater preconceitos antes mesmo que eles existam….
    Parabéns pelo blog!!!
    Abs!!

    • Mari Marchesin

      Obrigada, Edna!
      Grande beijo, Mari.

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