Terceiro princípio da Criação com apego: Respondendo com Sensibilidade

1 de Julho de 2015

Hoje venho falar sobre o terceiro princípio da Criação com apego de acordo com a Attachment Parenting International (API), cuja missão é promover práticas de criação que criam vínculos emocionais fortes e saudáveis entre pais e filhos. Prática que atende às necessidades da criança de confiança, empatia e afeição, provendo a base para uma vida repleta de relacionamentos saudáveis.

Primeiro princípio: Preparando para a Gestação e Nascimento

Segundo princípio: Alimentando com Amor e Respeito

E o terceiro princípio fala sobre Responder com Sensibilidade. “Você pode construir a fundação da confiança e empatia entendendo e respondendo apropriadamente às necessidades do seu filho. Os bebês comunicam suas necessidades de muitas maneiras, incluindo movimentos corporais, expressões faciais e choro. Eles aprendem a confiar com sensibilidade, quando suas necessidades são consistentemente atendidas. Construir um vínculo forte com um bebê envolve não apenas responder consistentemente às suas necessidades físicas, mas também passar tempos agradáveis interagindo com ele, e, portanto, atendendo às suas necessidades emocionais também.

Há muitos desafios sociais que podem interferir na capacidade dos pais desenvolverem um relacionamento com seus bebês. Por exemplo, pais podem se deparar com os mitos sobre mimar um bebê, ou receber conselhos não solicitados da família, amigos e mídia, mesmo que bem-intencionados. Conselhos estes que entram em conflito com a ciência, fatos sobre desenvolvimento normal, ou os próprios sentimentos intuitivos dos pais; e isto tudo pode causar stress para os pais que precisam decidir como responder.

No curso de desenvolvimento normal de um filho, os bebês formam vínculos primários com a(s) pessoa(s) que passam a maior parte do tempo nutrindo e cuidando delas — normalmente, a mãe e/ou o pai. Dar colo e interagir com frequência aumentam o vínculo seguro. Aproximadamente nos primeiros seis meses, o seu bebê deve parecer feliz quando está no colo ou interagindo com outras pessoas. Mas aos oito ou nove meses de idade, muitos bebês começam repentinamente a demonstrar medo e ansiedade quando são separados de suas mães. Isto, também, é uma fase normal.

Os bebês e crianças requerem empatia e respeito por seus sentimentos, para ajudá-los a aprender a sentir-se seguros e protegidos. Medos intensos da separação vão emergir naturalmente, ao passo de que a criança cresce. Algumas crianças mais sensíveis podem demorar consideravelmente, até sentir-se confortáveis quando sob os cuidados de outros adultos, que não são seus pais. Siga os sinais de seu filho e não o force a aceitar estranhos, nem espere que eles vençam a ansiedade na relação estranhos/separação antes que eles estejam prontos.

As Necessidades e os Benefícios de Responder com Sensibilidade

  • O cérebro dos bebês é imaturo e significativamente subdesenvolvido no nascimento, portanto eles não são capazes de se acalmar sozinhos
  • Através da resposta consistente e repetida de um adulto amável, a criança aprende a se acalmar
  • Alguns bebês e crianças podem ser mais sensíveis ao ambiente e a estímulos
  • Entenda os ritmos internos naturais do seu filho, e tente se programar ao redor deles
  • é perfeitamente normal que bebês queiram contato físico constantemente
  • Altos níveis de stress, como os que ocorrem em sessões prolongadas de choro, fazem com que o bebê experimente um estado químico desbalanceado no cérebro, o que pode colocá-lo em risco de passar por problemas físicos e emocionais mais tarde, em sua vida
  • Os sintomas de exaustão ou incapacidade de lidar com as necessidades do bebê são sinais de que você precisa de suporte extra e/ou ajuda profissional

Terceiro princípio da Criação com apego: Respondendo com Sensibilidade

Respondendo a Explosões de Raiva e Fortes Emoções

  • As explosões de raiva, também conhecidas por tantrums (birras), representam emoções reais e devem ser levadas em conta seriamente
  • Algumas emoções são muito poderosas para o cérebro imaturo de uma jovem criança gerenciar, de uma maneira socialmente aceitável
  • O papel dos pais durante uma explosão de raiva é dar conforto ao filho, não ficar com raiva ou puní-lo

Respondendo ao Filho Mais Velho

  • Continue nutrindo uma conexão bem próxima, através do respeito aos sentimentos da criança e tentando entender as necessidades por trás de comportamentos aparentes
  • Suporte a exploração, provendo um ambiente seguro para a descoberta e sempre ficando por perto
  • Demonstre interesse às atividades do seu filho, e participe com entusiasmo em brincadeiras direcionadas por ele
  • Algumas crianças gostam de pré-escola ou outros programas em que pais não estão incluídos, mas estes programas não são necessários para o desenvolvimento do seu filho. Fique atento aos sinais de que seu filho está pronto para a separação, além da quantidade e tipo de suporte dado por adultos”

Fonte: Respondendo com Sensibilidade

Resumidamente, estamos falando sobre responder ao choro do bebê, e portanto, sobre o fato de que algumas pessoas insistem em dizer que bebês se acalmam sozinhos e de que ele pode ficar “mal acostumado” se atendermos ao seus choros instantaneamente. Também estamos falando sobre atendermos às birras e outros assuntos direcionados pela criança – como brincadeiras e interações de uma forma geral.

Ainda grávida, fui orientada a aplicar o método Nana, Nenê, difundido através do livro “Nana, Nenê: Como Resolver o Problema da Insônia do seu Filho”, de Eduard Estivill e Sylvia de Béjar, publicado em 2009. O método que ficou conhecido principalmente por deixar o bebê chorar até cansar e principalmente por iniciar uma rotina com hora de comer, de acordar e de dormir, onde o bebê não é o centro da família e sim parte da família, e por conta disso é ele quem deve se adequar à rotina familiar e não o contrário.

Chegamos da maternidade por volta das 12h e minha filha mamou e dormiu como um anjo. Por volta das 00h ela despertou e chorou quase que sem parar até às 5h da manhã. Meu marido e eu atendemos seu choro prontamente e não sabíamos mais o que fazer para que ele sessasse. A amamentei, trocamos sua fralda diversas vezes, trocamos sua roupa (pensamos que poderia estar incomodada com alguma etiqueta ou costura) e andávamos com ela nos braços por toda a casa. Cantamos cantigas de ninar e rezávamos para que ela se acalmasse, e nada. Percebi naquele instante que o vínculo de confiança e empatia seria criado a partir do seu nascimento, que o vínculo não era nato muito embora a amássemos desde que estava no ventre. Segui a orientação do livro Nana, Nenê criando uma rotina com hora de comer, de acordar e de dormir, mas nunca a deixei chorar até cansar e desistir da necessidade do afeto.

Quando o meu bebê dormia, fosse durante a noite ou durante o dia, acordava aos berros para mamar. Seu choro alto sempre me deixava transtornada, por isso sempre me programei para que quando acordasse, estivesse pronta para atendê-la. Diminuindo assim o meu stress e o dela.

Hoje sei que o método Nana, Nenê não serve para a minha família, para o meu jeito de criar filhos, criar com apego, embora acredito que o método tenha contribuído para que ela dormisse tranquilamente em seu quarto com 40 dias e para que ela dormisse uma noite inteira (8 horas) aos três meses de idade. Com 3 anos, passamos a compartilhar a cama, mas este é outro assunto (leia mais, aqui). E falo mais sobre a rotina noturna, aqui.

Quando voltei a trabalhar e ela ficava com a babá, quando precisei colocá-la na escola e ela passava o outro período com a vovó (post aqui) e quando precisei matriculá-la no período integral da escola (post aqui), respeitei seu tempo de adaptação (e, graças a Deus, ela respondeu superbem à nova situação). Até hoje, com 5 anos, me orgulho de contar que nunca a deixei chorando no momento da separação. Confesso que eu já saí chorando algumas vezes, mas ela, nunca. Confiança e verdade são duas ótimas sementes para colhermos tal resultado. Precisamos passar confiança para os nossos filhos que tão logo voltaremos para buscá-los e eles acreditarão se dissermos sempre a verdade. Com pouco mais de um ano, meu marido estava saindo quando minha filha estendeu seus braços na direção dele pedindo para ir junto, e ele respondeu que iria trabalhar. O corrigi rapidamente, explicando que ele não iria trabalhar, que ele iria jogar bola com os amigos e que logo estaria de volta. Ela perdeu o interesse de ir com ele e se voltou para o que estávamos fazendo.

Sobre explosões de raiva e fortes emoções não tenho muito a dizer, na verdade o terrible two passou quase que despercebido por aqui. O segredo? O segredo me parece bastante simples de aplicar: sempre que minha filha fica brava, com raiva, procuramos ficar à sua altura e conversar com ela claramente, explicando a situação e expondo como podemos resolvê-la, mesmo que a solução possa estarmos em ir embora de um determinado local. A voz firma ajuda a acalmá-la e fazê-la sentir que estamos no controle da situação, acabando com a birra em 100% dos casos.

Não só quando bebê, devemos responder com sensibilidade. Hoje, continuamos respeitando os sentimentos da nossa filha e tentando entender suas necessidades através do seu comportamento. Brincamos juntos, desenvolvemos atividades que colaboram para o seu desenvolvimento e permitimos que ela direcione algumas situações, como descobertas e brincadeiras.

Comento os posts sobre Criação com apego contando sobre a minha experiência na criação da minha filha. Vale a leitura, mas como diz a própria API: “Pegue o que funciona para a sua família e deixe o resto.”

Um abraço,

Mari.

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