O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do novo coronavírus. Não foi fácil para ninguém. Por outro lado, este ano trouxe lições e serviu para nos lembrar que precisamos dar valor àquilo que há de mais precioso: aqueles que amamos. Mais do que nunca, é tempo de comemorar a vida, espalhar o amor e semear a esperança.

Quem acompanha a nossa história através do Blog Desafio Mamãe sabe o quanto gostamos da data, que além de celebrar o nascimento de Jesus, nosso Salvador, alimentamos sua magia montando árvore de Natal (como contei aqui), estimulando a contagem regressiva com o uso do calendário do Advento (como contei aqui),  alimentando a fantasia sobre o Papai Noel (como contei aqui) e fazendo ensaios fotográficos e participando de eventos natalinos desde o nascimento da nossa caçula (2016, 2017, 2018, 2019 e 2020).

Neste ano, fomos obrigados a nos adaptar a realidade do distanciamento físico também no Natal. Por isso, procurei uma surpresa para alegrar as crianças nesta noite que não pode deixar de ser uma noite feliz. A surpresa é: uma mensagem personalizada do Papai Noel.

O site responsável pela criação do vídeo é o elfisanta.com.br. O vídeo é enviado para o e-mail informado em no mínimo 2 horas e no máximo 7 dias do processamento do pedido, a depender da opção de pagamento.

Dá só uma olhada como ficou nosso vídeo conjunto (para duas crianças), com foto e nome das minhas filhas, uma mensagem de vídeo 100% única.

A mensagem personalizada do Papai Noel emocionou a todos nós, crianças e adultos, e alegrou o nosso Natal.

Um Feliz Natal!

Um abraço,

Contei para vocês no post Por que optamos pela terapia fonoaudiológica? o principal motivo pelo qual a Maria Eduarda voltou para as terapias de fonoaudiologia: as trocas acentuadas de letras na escrita. Agora, não que eu não me preocupe com as dificuldades da nossa primogênita, mas a troca de letras na fala da Maria Julia também tem me preocupado.

Assim, mais uma vez, conto com a ajuda da fonoaudióloga e especialista em linguagem e desenvolvimento infantil Raquel Luzardo para nos explicar quando é normal a troca de letras na primeira infância.

Crédito da imagem: Freepik

“Seu filho costuma trocar algumas letras quando está falando? Fique tranquila, isso é normal: faz parte da construção da fala e pode durar até os 4 anos de idade. Mas como saber que o caso do seu filho merece uma atenção especial?

Isso acontece devido a dificuldade na produção de sons. Como a fala é aprendida progressivamente, os especialistas precisam notar se determinada dificuldade é ou não esperada na idade do seu filho.

O fonema /r/ é um dos que a criança tem mais dificuldade para falar, por exemplo: palavras como parede podem virar paiede, assim como prato pode estar sendo pronunciado como pato.

Por que meu filho fala errado?

Esse impedimento na fala pode ter várias causas. Ela pode ser neurológica, quando áreas do sistema nervoso podem apresentar lesões, dificultando a transmissão de impulsos nervosos para a musculatura responsável pela fala. Essa situação é comum em crianças com lesões motoras, como distrofia muscular e paralisia cerebral.

Se a causa for músculo-esqueletal, deformidades e alterações do músculo da fala, como língua e músculos da face, pode prejudicar a fala do seu filho, como em casos de fissuras labiais e palatais.

Sem exigir nada!

Mas precisa manter um equilíbrio. Você não pode exigir do seu filho aquilo que a idade não permite. Se até os 4 anos ele estiver falando errado e não existem causas físicas, você deve ajudá-lo a melhorar a fala. Geralmente são casos que precisam de fonoaudiólogo, mas um bom exercício na sua rotina já pode ajudar muito.

Por exemplo, se a criança diz O caio da mamãe quebo (O carro da mamãe quebrou), eu repetirei a mesma frase, mostrando que compreendi o que ela queria dizer e, ao mesmo tempo, dando-lhe o padrão de pronúncia correta: “Puxa! O carro da mamãe quebrou?”

Se sua reação for não aceitar que ela está falando errado por conta da idade, isso pode prejudicar muito a autoestima, deixando seu filho inseguro para falar. Pior ainda, a criança pode criar, de si mesma, uma imagem negativa de falante e passar a evitar situações de comunicação.

Cada um no seu tempo

A fala pode começar a surgir por volta dos 12 meses, mas como cada bebê tem seu tempo, alguns arriscam as primeiras palavras com 9 ou 10 meses. Dos 12 aos 18 meses é a variação de tempo esperada para as primeiras palavras da criança.

Mas, se seu filho passou dos 2 anos e ainda não começou a falar, procure um fonoaudiólogo para uma avaliação! Não precisa ficar esperando até os 2 anos de idade para se saber se uma criança terá problemas em relação à fala. Observe se seu bebê gosta de brincar com sons, como se estivesse falando sozinho. Verifique se, apesar de não falar, ele é comunicativo.”

Raquel Luzardo, casada com o Yan e mãe do Gabriel, é Diretora da Clínica FONOterapia com atuação em atendimento infantil, orientação familiar e assessoria escolar.

Há 120 dias o coronavírus chegou para bagunçar a nossa rotina. Mas, além da COVID-19, as crianças pequenas sentem ou sentirão medo de algo em algum momento de sua vida, como por exemplo, medo do escuro, medo de perder a mãe e medo de monstro. E, cabe a nós, aprender a detectar e deixar os pequenos mais tranquilos nessa hora.

No post de hoje, a fonoaudióloga e especialista em linguagem e desenvolvimento infantil Raquel Luzardo nos explica porque as crianças sentem medo e nos ensina como lidar com o medo infantil.

Crédito da imagem: Freepik

“Esses medos não serão originados necessariamente por causa de uma história, de uma situação experimentada ou de um mito. Esses elementos servirão apenas de isca para que o medo surja.

O medo faz parte da natureza humana. É um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo diante dos perigos e uma importante etapa do amadurecimento afetivo das crianças. A tarefa dos pais é ajudá-los a lidar com os próprios temores, que tendem a florescer ainda mais nos primeiros anos de vida.

É na infância, sobretudo até os 5 anos, que uma série de temores aflora de maneira mais intensa.

Tomemos como exemplo o medo do escuro. De fato, é na imaginação da criança que reside o que nela lhe dá medo; o escuro apenas oferece campo para que essas imagens de sua imaginação ganhem formato, concretude.

É que, no escuro e em suas sombras, a criança pode “ver” monstros se movimentando e até “ouvir” os rugidos ameaçadores dessas figuras. No ambiente iluminado, tudo volta a ser a realidade conhecida porque a imaginação deixa de ter seu pano de fundo. Os rugidos dos monstros voltam a ser os sons naturais do ambiente. E as monstruosas imagens são diluídas pela claridade.

A criança precisa experimentar o medo desde cedo, pois essa é uma emoção que pode surgir em qualquer momento da sua vida e é melhor ela aprender a reconhecê-la logo na infância para, assim, começar a desenvolver mecanismos pessoais de reação.

A criança precisa reconhecer, por exemplo, o medo que protege, ou seja, aquele que a ajudará a se desviar de situações de risco. Paralelamente, precisa reconhecer o medo exagerado que a congela, aquele que impede o movimento da vida e que exige superação.

É experimentando os mais variados medos que a criança vai perceber e aprender que alguns medos precisam ser respeitados pelo aviso de perigo que dão, enquanto outros medos exigem uma estratégia de enfrentamento que se consegue com coragem.

A coragem, portanto, nasce do medo.

Na prática, o que se espera é que o pequeno aprenda a dominar seus temores e não ser dominado por eles, assim como acontece com os adultos. A diferença é que as crianças têm uma percepção mais inocente dos acontecimentos, uma imaginação bastante fértil e uma menor capacidade de discernimento dos fatos.

Muitas vezes, a criança procura sentir medo por gostar de viver uma situação que, apesar de difícil, ela pode superar. Quantas crianças não choram de medo depois de ouvir uma história e, no dia seguinte, pedem aos pais que a contem novamente?

O que pode atrapalhar a criança não é o medo que ela sente, e sim o medo que os adultos sentem de que ela sinta medo. Isso porque a criança pode entender que a consideram desprovida de recursos para enfrentar os medos que a vida lhe apresenta.

Para lidar com esse medo os pais devem conversar com a criança. Compreendendo o porque da criança ter medo do escuro, por exemplo, fica mais fácil explicar que a sombra na parede não é um fantasma, mas a sombra do galho da árvore que está do lado de fora.

Um erro do adulto é fazer a criança enfrentar o medo contra a sua vontade. Fazê-la expressar o medo que sente deixa a criança mais segura para enfrentar sua própria fantasia.

Sintomas

Identificar a origem ou mesmo a existência do medo infantil exige dedicação. É preciso estar atento aos sinais demonstrados pela criança e saber conversar com ela sobre o que lhe causa pavor.

O medo excessivo causa reações fisiológicas e comportamentais na criança. Coração palpitante, calafrios, suor nos pés e nas mãos, sono intranquilo, descontrole para fazer xixi, diarreia e dor de barriga são alguns dos indícios do problema. As reações comportamentais – inibição e agressividade – por sua vez prejudicam a rotina da criança, e podem se agravar e virar fobias, caracterizadas por reações exageradas que fogem ao controle da criança.

Medos comuns por idade

  • 0 a 18 meses – barulhos estranhos ou altos, luzes intensas, pessoas estranhas e riscos de quedas. O bebê chora ou fica irritadiço e agitado.
  • 18 a 36 meses – água, pessoas mascaradas (ex.: Papai Noel) e tudo o que for estranho à sua rotina. É importante saber que a zona de conforto do bebê está ligada à ordem.
  • 3 a 5 anos – fantasias assustadoras, como monstros e fantasmas. É a fase da imaginação fértil, que pode se intensificar na hora de dormir. Ela acontece por causa do desenvolvimento da massa cinzenta. Vale lembrar que a capacidade de imaginação aumenta à medida que ocorre o desenvolvimento biológico do cérebro.
  • a partir dos 6 anos – medos mais vinculados à realidade, como o de ladrões e o de acidentes em geral. A família deve transmitir a malícia necessária para a criança ter segurança. Nessa hora, é importante demonstrar como agir em uma piscina ou, então, o que fazer diante do assédio de estranhos.

Como lidar com o medo infantil

  • Dê atenção, questione e estimule a criança a enfrentar o medo irreal: ela encontrará sozinha uma solução para suas fantasias. Exemplo: a sombra na parede pode se transformar em uma aliada no confronto dos medos (em vez de causá-los).
  • Não gaste tempo demais falando sobre o assunto para evitar que a criança fique ainda mais ansiosa. Mude de tópico, distraia.
  • Fale a verdade sobre os medos reais para que a criança construa noções de perigo. Exemplo: ela tem de saber que escadas, piscinas e animais presos representam riscos. Mas faça isso sem aterrorizá-la.
  • Brinque com seu filho e entre na fantasia dele: experiências lúdicas ajudam os pequenos a lidar com seus anseios.
  • Bonecos e brinquedos treinam a criança para a vida. Os pequenos costumam representar em brincadeiras o sentimento de medo frente a uma situação real, como a ida a um hospital.
  • Ofereça objetos para ela se sentir mais segura, principalmente na hora de dormir sozinha. São os chamados objetos transicionais, que reduzem a ansiedade da criança durante a passagem da vida desperta para o sono. Pode ser o famoso ursinho, a boneca e até a mantinha. O importante é que ele tenha algo familiar à mão para enfrentar os temores na hora de dormir.
  • Jamais use o medo da criança como meio de poder: além de cruéis, ameaças de deixar o filho sozinho ou no escuro reforçam o medo.
  • Não assuste a criança com histórias de ogros, fantasmas, bruxas, etc., principalmente antes de dormir. Você tem que dizer-lhe que esses personagens somente existem nos contos e filmes.
  • Não ria dos temores que a criança expressa. Ridicularizar ou zombar do medo, diminuirá sua confiança. Frases como: “não seja bobo”, “crianças como você não devem ter medo disso”, ou “ não tem vergonha de ter esses medos…”, não contribuirão para diminuir o temor que ela sente. Pelo contrário, a desanimará a compartilhar seus temores.
  • Não transmita mais medo ao seu filho do que ele já tem. Ele necessita ter segurança e confiança. Não ignore seus medos. Não minta, por exemplo, dizendo-lhe que uma injeção não doerá ou algo parecido. Se mente sobre uma situação de medo, produzirá mais temor. Ajude-o a preparar-se para enfrentar a situação com verdade e honestidade.
  • Não obrigue seu filho a passar por situações que ele tem medo. Os medos não se superam enfrentando-se a situação de uma vez por todas. Em lugar de ajudar, algumas vezes isso intensifica o medo. Seu filho tem o direito de acostumar-se pouco a pouco com a situação que ele teme. Não o obrigue ver um filme do qual ele tem medo, ou que acaricie um cachorro que ele não gosta.
  • Não transmita seus temores pessoais ao seu filho. Se você tem medo de aranhas, seu filho pode sentí-lo. A forma como você enfrenta seus próprios medos dará ao seu filho o padrão a seguir para enfrentar situações similares.
  • Não o chame de covarde, ou infantil se o seu filho se mostra temeroso diante de qualquer situação. Não o ridicularize. Isso não o ajudará em absoluto. O fará sentir-se inseguro, necessitado de carinho, solitário e sem compreensão.
  • Não o obrigue a afrontar seus medos sozinho. Isso é um enorme erro. Nunca obrigue seu filho a entrar no seu quarto escuro se ele não quiser fazê-lo. Você provocará um aumento da sua ansiedade e contribuirá para esse medo aumentar e até perpetuá-lo. Além disso, o sentimento de não ser capaz de enfrentar a situação não o deixará sentir-se orgulhoso de si mesmo.
  • Não dê importância demasiada. Se cada vez que vê um cachorro, você se coloca entre seu filho e o animal e insiste que você o defenderá, a criança acabará pensando que todos os cachorros são realmente perigosos e não poderá superar seu medo.

Segredinhos para acabar com os monstros

Algumas brincadeiras ajudam a criança a dominar o medo do escuro como identificar as sombras na parede feitas pelas mãos ou as que aparecem no quarto, ou então adivinhar qual é o som no escuro e de onde vem.

Quando o medo aparecer é bom deixar um foco de luz aceso para que a criança se sinta mais segura e mais para frente apague esse foco, mas deixe uma lanterna sempre no mesmo lugar para que a criança possa acendê-la quando sentir medo. Bichos de pelúcia, travesseiros e brinquedos preferidos podem dar segurança e aconchego na hora de dormir.”

Raquel Luzardo, casada com o Yan e mãe do Gabriel, é Diretora da Clínica FONOterapia com atuação em atendimento infantil, orientação familiar e assessoria escolar.