Como informei no meu último post, Lua de Leite, optei por dividir a minha segunda experiência com a amamentação em três publicações, e esta é a segunda delas. Hoje, trago alguns mitos e verdades sobre amamentação.

Logo após o parto (relato completo do meu segundo parto aqui), tive o privilégio de amamentar a minha segunda filha ainda na sala de cirurgia. Quanto mais precoce for a primeira mamada, mais vínculo se criará entre mamãe e bebê, prolongando assim o tempo de amamentação. Sugando o seio da mãe, o bebê também ajuda na descida do leite materno, pois o ato de sucção estimula, no cérebro da mãe, uma glândula que produz e libera os hormônios responsáveis pela produção e pela saída do leite.

São conhecidas as inúmeras vantagens do aleitamento materno para a mãe, como diminuir os sangramento após o parto, prevenir de doenças como osteoporose, câncer de mama, câncer de ovário e câncer de útero. E para o bebê, como ter os nutrientes necessários para seu bom desenvolvimento, além de protegê-lo contra doenças e infecções.

Mitos e Verdades sobre Amamentação

Mas, mesmo conhecendo as vantagens da amamentação, pode ser que ainda restem dúvidas em relação ao aleitamento materno. Esclareço algumas delas com as respostas às afirmações mais comuns:

Quem tem prótese de silicone não pode amamentar.

Mito. Não há evidências de que a prótese de silicone interfira na amamentação. Normalmente, nas cirurgias desse tipo, não há manipulação de ductos com incisão na região da aréola.

Quem sofreu cirurgia de redução mamária pode ter dificuldade para amamentar.

Verdade. A cirurgia de redução das mamas pode interferir na amamentação quando os mamilos são transplantados. Em alguns procedimentos, também é possível ocorrer redução dos ductos galactóforos. Essa questão vai depender da técnica cirúrgica aplicada.

Quem tem mamilo invertido não pode amamentar.

Mito. Os mamilos invertidos se contraem ou se projetam para dentro ao serem estimulados. As mudanças no corpo da mulher, ao longo da gestação, podem fazer que os mamilos fiquem mais protuberantes do que de costume. Em algumas situações, no entanto, mamilos invertidos se voltam ainda mais para dentro quando os seios ficam cheios de leite. Com a orientação de seu médico ou profissional da saúde, é possível reverter essa condição e amamentar o bebê.

Bebê que mama no peito não precisa beber água.

Verdade. O leite materno já contém água suficiente em sua composição para hidratar o bebê. É o alimento mais completo que existe. Não é preciso oferecer mais nada à criança durante os seis primeiros meses de vida.

Até hoje, com 4 meses e 20 dias, não ofereci mamadeira de água para a Maria Júlia.

O bebê deve mamar 20 minutos em cada peito.

Mito. Cada bebê tem seu ritmo e sua necessidade de alimentação. A oferta de leite deve obedecer ao regime de livre demanda, ou seja, oferecer o seio sempre que o bebê quiser mamar. O tempo de cada mamada poder variar de um bebê para outro. Além disso, o bebê pode esvaziar uma das mamas e não a outra, por estar satisfeito. É importante, sempre, iniciar a mamada seguinte pela mama em que o bebê mamou da última vez.

A Maria Júlia nunca precisou de tanto tempo para se sentir satisfeita. Durante sua internação para a cura da bronquiolite, as enfermeiras me perguntavam por quanto tempo ela havia mamado para preenchimento de relatórios e por isso decidi cronometrar, assim constatei que ela leva em média 30 minutos (considerando os dois peitos) para satisfazer-se.

Algumas vezes, quando a Maria Júlia esvazia uma das mamas e não a outra (isso eventualmente ocorre na primeira mamada do dia), tiro o leite da mama cheia com uma bomba para tirar leite manual e armazeno o leite para ofertar horas mais tarde.

O bebê deve mamar de três em três horas.

Mito. Isso depende do bebê. Deixe que o bebê esgote primeiro uma mama, para depois oferecer a outra, caso ele ainda queira mamar. Fique atenta para que o intervalo entre uma mamada e outra não ultrapasse quatro horas.

No início, a Maria Júlia mamava em intervalos curtíssimos, o que é muito comum nos recém-nascidos. Contudo, a cada dia, este tempo foi ganhando intervalos maiores e hoje ela mama no peito a cada duas horas.

Durante a noite, o espaçamento entre uma mamada e outra foi aumentando gradativamente. Fiquei feliz quando ela dormiu durante o período de 5 horas e hoje posso dizer que algumas noites ela dorme por um período de até 10 horas.

Devem-se limpar as mama a cada mamada.

Mito. Faça a higiene das mamas no banho diário. Depois de cada mamada, basta passar um pouco do próprio leite na aréola e no mamilo, para manter a pele hidratada.

Poucos dias após o nascimento da Maria Júlia, tive fissuras nas mamas. Para solucionar o problema, além de passar o próprio leite na aréola, usei a pomada Lansinoh para hidratar e proteger os mamilos rachados e doloridos após cada mamada. Sem muito sucesso, procurei na internet informações sobre o uso desta pomada e percebi que o meu modo de usar estava incorreto. Passei a aplicar a pomada somente após o(s) banho(s) e somente sobre a fissura. Com isso, tive sucesso na cura das mamas e de lá para cá não preciso utilizar qualquer método para hidratação.

Algumas mulheres produzem um leite mais fraco.

Mito. Não existe leite materno fraco, já que cada mãe produz  o leite de que seu bebê precisa, e na quantidade certa.

Nunca tive dúvidas em relação à qualidade do leite materno. Já em relação à quantidade, minha cabeça se encheu de caraminholas desde a primeira consulta ao pediatra. Mas, este é assunto para o próximo post. Até lá.

* Perguntas e respostas retiradas da Cartilha da amamentação fornecida pelo Hospital e Maternidade Santa Joana no dia da minha alta.

 Um abraço,

Lua de Leite

15 de Agosto de 2016

Dia primeiro de agosto comemoramos o dia mundial da amamentação. Inspirada pela data, quero muito contar a minha segunda experiência com a amamentação. E, como o texto ficaria longo e eu demoraria mais do que o desejado para publicá-lo, decidi dividi-lo em três partes. Neste primeiro post falarei sobre a Lua de Leite e como planejei a minha. No segundo post, trarei os mitos sobre amamentação e, por fim, publicarei sobre o período de amamentação exclusiva da Maria Júlia.

Até o dia do nascimento da minha primeira filha, considerava que amamentar seria algo tão simples quanto carregar o bebê no colo. Considerava que o ato de amamentar seria apenas fisiológico e natural, desconhecendo o tamanho do esforço e determinação que devemos ter para ultrapassar a média brasileira de aleitamento materno exclusivo. Contudo, a minha primeira experiência com a amamentação foi bem rápida, pois passei a complementar as mamadas da primogênita com fórmula infantil quando ela tinha um mês e desde então, desmotivada para insistir no aleitamento materno, minha filha foi sendo sustentando pela mamadeira mais e mais. Com isso, meu organismo passou a considerar que se o bebê não está ingerindo leite, não mais seria necessário produzir a lactase. Portanto, quando minha filha completou apenas dois meses, já não produzia mais leite (também falei sobre a minha primeira experiência com amamentação aqui).

A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação exclusiva por 6 meses e depois da introdução de outros alimentos, até 2 anos ou mais. Com o intuito de seguir a recomendação da OMS, afim de oferecer proteção a doenças como infecções respiratórias e alergias e desejando prolongar o período de amamentação em relação à minha primeira filha, planejei minha Lua de Leite.

Lua de Leite

De acordo com a Revista Crescer (artigo completo aqui), Lua de Leite é o tempo de que mãe e bebê necessitam para se conhecerem, se adaptarem à nova vida e fortalecerem os vínculos. O aleitamento é facilitado pela liberação de ocitocina natural por conta do contato pele a pele com o bebê e pela boa produção do leite, em razão da livre demanda. A restrição do mundo externo assegura confiança à mãe, permitindo-lhe um terno início da relação mãe-bebê.

Sem conhecer o termo Lua de Leite, mas seguindo meu coração de que deveria preparar o “ambiente” para a chegada da minha segunda filha, me organizei para que após a sua chegada tivesse tempo suficiente para o contato pele a pele e o máximo de repouso possível. Assim, programei para que minha diarista passasse a vir três vezes por semana para afastar-me das tarefas domésticas durante a minha licença maternidade, meu marido encarregou-se de preparar o almoço durante os primeiros dias após a minha chegada da maternidade e de levar a minha filha mais velha para a escola. Minha mãe ajudou-me “como um anjo” buscando minha filha mais velha na escola e trazendo o jantar, que previamente preparava na sua casa. Tanto na maternidade quanto em casa, recebemos poucas visitas, mantendo sempre um ambiente calmo para o bebê.

Como meu marido trabalhou durante os finais de semana naqueles primeiros dias de vida da nossa caçula e amigos e familiares tiveram conhecimento disto, dias em que costuma-se receber visitas, não precisei esclarecer que estávamos nos resguardando para curtir o novo membro da família. Foi extramente valioso não termos a casa cheia aos sábados e domingos no período de puerpério (período que decorre desde o parto até que o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação). E, talvez a parte mais difícil da Lua de Leite seja exatamente esta, a necessidade de conversarmos, dividir nossos sentimentos com outros casais que passaram pela mesma situação.

O momento que tive muito gosto de ter a casa cheia e mostrar-me minimamente apresentável foi no dia do meu aniversário, exatamente 25 dias após o nascimento da minha filha, quando convidei amigos queridos e familiares para passarmos algumas horas juntos. A “festa” foi rápida e fiz questão de preservar um ambiente tranquilo para que pudesse amamentá-la sem interferências. Todos entenderam e respeitaram.

O planejamento deu certo e o início da nossa relação mãe-bebê foi tranquila e bonita, fazendo com que, desta vez, os sentimentos de melancolia, tristeza, alterações de humor e sentimento de ”refém” da situação não aparecessem tão acentuados como senti após o meu primeiro parto (como contei neste post). Além disso, a Lua de Leite contribuiu para que eu enfrentasse os meus monstros e ultrapasse orgulhosa o período de amamentação exclusiva em relação à minha primeira filha.

E você, conhecia o termo Lua de Leite? Pensa em planejar a sua?

Um abraço,

Para quem está nos conhecendo agora, o Blog Desafio Mamãe surgiu após a descoberta da alergia à proteína do leite de vaca da minha filha mais velha, quando ela tinha 3 anos (há 3 anos). A partir daí, decidi compartilhar informações sobre esta alergia no intuito de ajudar pais de crianças alérgicas ou pessoas alérgicas que passam pela mesma situação.

Desde que minha primeira filha iniciou a dieta isenta de alimentos que possuem proteínas do leite de vaca, mergulhei de cabeça no mundo da APLV afim de conhecer não só alimentos permitidos na dieta, mas informações mais detalhadas sobre tal alergia.

E, nesta jornada de conhecimento, aprendi que além do parto vaginal reduzir as chances de alergias, aprendi também que a exposição precoce às proteínas do leite de vaca pode causar a APLV. Por isso, desta vez, minha luta contra a APLV começou cedo, durante a gestação da Maria Júlia, ao escolher a equipe para assistência ao parto, e na maternidade.

De acordo com o site Alergia ao leite de vaca, a oferta precoce de leite de vaca para bebês, principalmente nos primeiros dias de vida, aumenta as chances de a criança desenvolver APLV, pois os órgãos do trato digestório ainda não estão prontos e a criança poderá ter dificuldade em digeri-lo, absorvendo suas proteínas inteiras, antes de serem digeridas até peptídeos e aminoácidos.

O sistema de defesa do bebê, que também está em fase de maturação, pode confundir a proteína do leite de vaca com algo nocivo e começar a reagir, desencadeando a alergia.

Quando minha primeira filha nasceu, desconhecia que a maternidade poderia ofertar fórmula infantil para o recém-nascido. E, caso fosse informada, sem conhecer a APLV, não os impediria de fazê-lo. Contudo, no nascimento da Maria Júlia, implorei para que a fórmula infantil não fosse administrada à ela.

Ao entrar no centro cirúrgico, perguntei quanto tempo minha filha recém-nascida ficaria no berçário e pedi para a enfermeira que a fórmula infantil não fosse administrada ao bebê. Ao levarem minha filha do centro cirúrgico, pedi novamente que a fórmula infantil não fosse administrada ao bebê – neste momento a enfermeira disse que colocaria um bilhete bem grande no berçário com esta informação e foi aí que tive a absoluta certeza de que é administrada fórmula infantil à todos os recém-nascidos (Perceberam a gravidade do problema?). Passei a mesma informação para outra enfermeira na sala de recuperação e percebi que somente eu recebi o bebê ainda na sala de recuperação para amamentá-lo, e ao trazê-lo a enfermeira disse: “É a sua filha que não pode beber leite, né?”. Aliviada, respondi que sim. Sempre que pedia para não administrarem a fórmula infantil à ela, explicava que a minha primeira filha é alérgica à proteína do leite de vaca e que a chance da minha segunda filha ter a mesma alergia é alta.

Ao ser levada da sala de recuperação para o quarto, pedia sempre para que deixassem minha filha comigo. Durante a primeira noite, a levaram por 3 horas para o que chamam de avaliação do bebê. No segundo dia, foi dado o banho demonstrativo (banho na presença dos pais). Na segunda noite, minha filha dormia ao meu lado quando vieram buscá-la novamente. Questionei firmemente porque tinham de levá-la, uma vez que não queria acordar o meu bebê, e a enfermeira respondeu que seriam 3 horas para a tal avaliação. Muito irritada, pedi que descrevesse tais avaliações, e que se precisasse assinar algum termo de responsabilidade para não tirar meu bebê dali, assinaria. A enfermeira contou que seriam feitos alguns exames, além de pesarem e dar banho no bebê. Eu insistia para que não a levassem porque pela câmera instalada no berçário com imagens no meu quarto, via que minha filha ficava extremamente nervosa e que não parava de chorar por um minuto. E, como meu quarto era exatamente o quarto ao lado do berçário, podia identificar perfeitamente o seu choro. Ainda irritada, perguntei porque dariam outro banho no bebê se naquele mesmo dia ela já tinha tomado banho na nossa presença, e ainda que era absurdo dar banho no bebê naquela hora. A enfermeira respondeu que eles (os bebês) não sabiam que era de madrugada e completou: “Nem a gente sabe, afinal trabalhamos no período noturno, não é mesmo?”. Pobres bebês, morri de dó de cada um deles e apenas autorizei que a levassem para pesar e fazer outras avaliações e não autorizei o banho na minha filha.

Como fui instalada bem ao lado, sempre que minha filha estava no berçário a acompanhava pelo vidro, e pude observar que outros bebês dormiam tranquilos em seus bercinhos enquanto não havia o que pudesse acalmar o meu bebê enquanto estivesse lá. Já no quarto, ela mamava e dormia tranquilamente. Seria a fórmula infantil oferecida para os outros bebês que os deixavam tão calmos no berçário? Nunca saberei a resposta.

E, porque é tão grave oferecer fórmula infantil ao recém-nascido? Além do fato do leite de vaca ser um alimento altamente alergênico, porque quanto mais a criança sugar o seio, mais estimulará o leite materno a descer.

Amamentar não é fácil, e em breve trarei informações de como tudo tem acontecido por aqui, mas até hoje, com 2 meses e 20 dias, tenho feito de tudo para evitar que minha caçula fosse precocemente exposta às tão temidas proteínas do leite de vaca.

A luta contra a APLV na maternidade

No quarto da maternidade

Encontre o meu segundo relato de parto, aqui.

Mais informações sobre a APLV, aqui.

Um abraço,